Terminados que estão os 29ºs Jogos Olímpicos da História, não pretendo fazer uma análise exaustiva sobre tudo o que neles aconteceu (para um bom apanhado geral do que aconteceu, recomendo uma visita aqui), claro que é de assinalar o novo recorde pessoal de 8 medalhas ganhas numa só edição pelo nadador americano Michael Phelps , batendo a marca de 7 medalhas pelo também nadador americano Mark Spitz que durava desde 1972 (bem, Phelps sujeitou-se a 9 testes anti-doping durante os Jogos, logo não me parece que tal feito alcançado tenha sido devido a métodos duvidosos).
Também se deu a afirmação da Jamaica na àrea do atletismo, batendo o pé aos favoritos do costume (os velocistas americanos), para além do reggae, parece que a ilha caribenha passou a ser conhecida por ter os homens e mulheres mais rápidos da actualidade. A modalidade que melhor acompanhei foi o basquetebol e, já que era e se tornou terrivelmente previsível de que a equipa americana não ia dar hipóteses a ninguém desta vez, nem mesmo às duas selecções mais emergentes da actualidade (Argentina e Espanha), foi mesmo uma "equipa redentora" da má imagem deixada nas olimpíadas e nos mundiais passados.
Mas viu-se e descobriu-se um jogador assombroso: Ricard "Ricky" Rubio, base da selecção espanhola de apenas 17 anos, autor de passes inacreditáveis e senhor de uma marcação à zona asfixiante sobre os adversários, o que lhe permitiu roubos de bola decisivos e quase infantis a jogadores bem mais experientes e supostamente mais maduros, sendo que maturidade já é coisa que não falta nele. A NBA é já ali e já está à espera. Muito trabalho de casa se nota na prospecção e desenvolvimento de talentos aqui ao lado, para além de um sério investimento no desporto, não admira que já chateie vê-los ganhar em tanta coisa (o Europeu de futebol foi ainda há 2 meses atrás e o Nadal ganhou a medalha de ouro em ténis singular, por exemplo).
Para já, tenho a impressão de que o investimento no desporto em Portugal é residual. Isto se excluirmos o futebol, para onde vão carradas de dinheiro, investido não sei aonde, se calhar em bens de luxo como carros de alta cilindrada, condomínios fechados e iates, mas decerto que não na modalidade em si, na formação de jogadores, na sua segunda educação-no fair play se vê o civismo de um desportista, no inculcar de um espírito ganhador e competitivo. Adiante, já dava muito para escrever. Claramente um exemplo de má aplicação de fundos e não de quantidade aplicada.
Agora, nas restantes modalidades que tem tido uma míngua, não é razoável que as pessoas bradem por melhores prestações para além da média de 2 medalhas por Olimpíada e a Imprensa envenene muitas vezes o ambiente com a celebração mórbida do falhanço e da desolação, tornando muitas peças jornalísticas em marchas fúnebres desportivas muito mal intencionadas.
Temos que nos inteirar da realidade, não somos uma "fábrica de campeões" porque não temos as condições materiais para o ser, nem as condições culturais para tal. Não há uma cultura desportiva que seja incrementada nas crianças através das escolas (escreve um gajo cujo único contacto diário com o desporto são 3 idas semanais ao ginásio), as quais seriam os centros nevrálgicos donde partiria todo o processo de formação de futuros atletas, entrando o apoio do Estado e dos privados numa fase posterior de forma a edificar projectos credíveis e sólidos para se obterem resultados internos e externos. Até tal não acontecer, não se esperem milagres.
Com isto não estou a dizer que os atletas portugueses que têm triunfado lá fora ao longo dos anos foram autênticos acidentes de percurso ou perfeitos sobredotados que brotaram de um solo estéril. Não, houve um trabalho sério que foi desenvolvido, mas numa escala menor, o que não possibilitou a formação de atletas de topo em larga escala.
Atletas esses que podem falhar em momentos decisivos porque são meramente humanos. Mas pede-se a esse atleta que falha que se saiba comportar perante a adversidade e o facto consumado. O desfile periódico de desculpas ridículas já se torna demasiado usual, quando pensávamos que as desculpas esfarrapadas vinham mais do lado do futebol (o tal desporto que tudo sorve em Portugal), vemos atletas das mais variadas modalidades usá-las também. Desde arbitragens a perseguições maquiavélicas, a frases infelizes de quem tentou disfarçar a desilusão com um pouco de boa-disposição, a qual se revelou inapropriada (percebi a intenção de Marco Fortes, mas a frase saiu-lhe de forma infeliz). Pior que as desculpas, vimos atletas a fazer lavagem de roupa suja em directo como foi o caso do velejador Gustavo Lima (penso não me ter enganado), num autêntico "disparar para todos os lados a ver se alguém apanha". Penso que, a haver reparos a fazer sobre os apoios dados aos projectos, tal deve ser feito em privado com o Comité Olímpico ou simplesmente a frio para os jornais.
Tarde demais, queria-se sangue, e houve sangue, instalou-se o caos e entrou-se no canibalismo puro.
Mais que aos atletas, pede-se aos dirigentes que dêm o exemplo, à falta deste noutros lados. Mas tal não houve. O presidente do Comité Olímpico português, o comandante Vicente Moura revelou estar ao nível de um verdadeiro capitão Moura d´"A Liga dos Últimos". Primeiro, tentou arranjar um bode expiatório para o descontentamento gerado pelos resultados fracos iniciais e arranjou-o no atleta Marco Fortes, o qual foi obrigado a abandonar a aldeia olímpica em Pequim e a regressar a Portugal. Simplesmente inqualificável. Por esta altura, Moura declarava a sua decisão em não se recandidatar à liderança do Comité, ao menos alguma sensatez parecia restar. Mas, logo após a vitória de Nélson Évora no triplo salto, o que, a par da prata ganha por Vanessa Fernandes no triatlo, passava a ser o melhor resultado de sempre de Portugal a nível olímpico, dá-se o dito por não-dito e volta atrás com a sua intenção inicial, dando-se como disponível para um novo mandato.
Tal incoerência, para além de uma falta de contenção verbal em plena competição que não refreeou o mal-estar instalado, só joga contra estas pessoas (e outras, noutros cargos mais altos) instaladas em frente de instituições nacionais que merecem um outro porte por parte de quem as representam.
Finalmente, não me esqueço, plasmadas que estão as partes menos boas, de realçar o melhor resultado de sempre para Portugal, o que, com as condições actuais, não nos devia envergonhar, bem pelo contrário. Deve-nos fazer acreditar e querer que, com uma outra estruturação, e com outras pessoas à frente dos organismos, se poderá fazer bem melhor num futuro próximo.
PS: Uuuuuufffffffffffffffffffffffffffffffff, estou cansado!
Só mais uma coisa, para os mais curiosos que querem saber como o logotipo destes Jogos foi criado:
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