Parece que debater o equilibrio ou desiquilibrio entre as receitas e as despesas efectivas para o ano que se avizinha se torna sempre numa miragem. Desta vez, tal divergência de debate já estava previamente esperada e montada pelo enésimo ressurgimento de Pedro Santana Lopes na política nacional, estranhas são as mãos que tornam material tão duvidoso em autêntica cortiça à prova de afundamentos.
Lá se entrou novamente no domínio da achega e da graçola fácil que a bafio já tresandam, tudo a fazer lembrar um prolongamento de ambiente de fundo de anfiteatro de faculdade, cujo espírito de "clube de ex-coleguinhas de curso e de farra" abunda em quadrantes-chave da nossa sociedade, basta ver o humorismo oco com que um representante do Sindicato dos Magistrados se exprimiu face à possibilidade de uma nova revisão do novo Código de Processo Penal (entrado em vigor no passado 15 de Setembro e já alvo de uma declaração de rectificação- nº100-A/2007, a qual corrige uma série de disposições, na sua grande maioria erros gramaticais e de- imagine-se!- colocação de vírgulas), por causa da supressão de uma estranha e desnecessária inclusão de expressões francesas no texto legal. Fico eu com a velha impressão de que sou dono de um código novo já obsoleto, os post-its para colar e escrever por cima já entram em alerta amarelo...
Voltando ao assunto do debate orçamental, Sócrates sabia que iria tomar o pulso ao novo PSD de Menezes, e também já punha o assunto orçamental de lado, acabando por quase comer Santana de cebolada. Muito mau está um político ex-primeiro-ministro quando insiste na tecla da reabilitação do seu passado face à opinião pública, tudo bem que as pessoas primam pela memória curta, mas será que Santana acha que já ninguém se lembra do governo de contornos lendários que ainda há dois anos e meio liderava? Poderia ter sido uma má alucinação, mas não foi.
Por muito polémicas que sejam as medidas tomadas pelo governo de Sócrates, este sabe que, nos debates parlamentares, está e estará do outro lado da barricada alguém que não tem o mínimo de legitimidade para apontar dedos e pugnar por pertensas purezas, figura lendária até dentro do partido laranja por tê-lo levado ao pior resultado eleitoral da sua história nas últimas legislativas.
Duvido muito, apesar de não ter a certeza de tal, se Santana e Menezes são do mesmo quadrante. Ambos são anti-Barrosistas, e pouco mais. Parece que as obrigações do compromisso xadrezista partidário obrigaram Menezes a nomear este seu líder parlamentar, que tem todo o ar de ser uma fiel reserva de muitas dores de cabeça no futuro ao seu partido. Jogada de mestre para 2009 sim, mas para o PS.
Quando o meio-campo ameaçava emperrar cada vez mais e o ataque era quase inexistente, à falta de colectivo só a puxar dos galões do talento é que o abanão podia ser dado ao marasmo do jogo.
E esse abanão veio na forma do melhor golo que eu vi de um jogador do FCP em algum tempo. Principalmente de um jogador resgatado do caixote do lixo onde jazem tantos outros que são pagos pelo clube para não jogarem nele. A qualidade patenteada por Tarik até agora leva-me a pensar se não haverá aí muito jogador DO Porto a fazer falta no plantel do mesmo...